A Diferença de Alugar um Imóvel no Brasil e na Itália

Alugar um apartamento pode parecer uma tarefa simples, mas, dependendo do país em que você se encontra, as regras e práticas podem ser bem diferentes. No Brasil, o processo é, muitas vezes, conduzido pelas imobiliárias, com regras bem definidas sobre fiadores, seguros e garantias. Você geralmente, inclusive, encontra elas no site e já sabe faz o contato preparado. No entanto, na Itália, as coisas funcionam de maneira distinta, e o papel do proprietário é muito mais ativo. Aqui, o proprietário não só escolhe os termos do contrato, mas também tem um controle direto sobre os detalhes da locação, algo que você talvez não se depare no Brasil.

A Primeira Diferença: Quem Decide os Termos?

Se você já passou pelo processo de aluguel no Brasil, sabe que o primeiro passo é procurar uma imobiliária, certo? Nela, você encontra as condições que precisa cumprir para alugar um imóvel: fiadores, seguro-fiança, comprovantes de renda, entre outros requisitos. Mas, ao contrário do Brasil, na Itália, quem decide os termos do contrato de aluguel não é a imobiliária, mas o próprio proprietário. Na mesma imobiliária é comum encontrar um apartamento que exija 3 cauções de aluguel, e outro que exija 12. Os contratos serão escritos conforme a necessidade, apesar de existir um modelo base que veremos depois.

Pode parecer estranho no início, mas é assim que funciona. O proprietário pode, por exemplo, exigir um contrato de longo prazo, pedir um depósito caução maior, ou até mesmo decidir que só aceita inquilinos com uma estabilidade profissional comprovada na Itália. Ou seja, ele estabelece as condições de acordo com o que considera mais adequado para o seu imóvel e suas necessidades. A imobiliária entra em cena apenas como intermediária, para facilitar a negociação e formalizar o contrato. Isso pode tornar o processo mais flexível, mas também mais imprevisível, pois os critérios podem variar bastante de um proprietário para outro.

A Imobiliária: Seu Papel como Intermediária

No Brasil, a imobiliária frequentemente gerencia o imóvel, recebe o aluguel mensal e resolve os problemas do inquilino diretamente. Já na Itália, a imobiliária tem um papel mais limitado, sendo responsável apenas por intermediar o contrato e garantir que ele seja formalizado de maneira legal.

De forma geral, quem paga pela imobiliária na Itália são as duas partes envolvidas no contrato: o locatário e o proprietário. O locatário paga um mês de aluguel, enquanto o proprietário paga outro mês. Isso é algo a ser levado em conta, pois a divisão da comissão garante que ambas as partes tenham um interesse legítimo em finalizar o acordo. Existe a possibilidade de o locatário ser o único a arcar com os custos da imobiliária, mas essa prática é rara e geralmente negociada com base nas condições do contrato. Mesmo assim, o pagamento da comissão da imobiliária pelo inquilino acaba sendo mais comum, o que deve ser considerado no planejamento financeiro.

Diferenças nas Imobiliárias: Comissionamento e Serviços Adicionais

No Brasil, as imobiliárias costumam cobrar uma comissão mensal, sendo responsáveis por gerir o aluguel e, em alguns casos, lidar diretamente com as questões do imóvel. Por outro lado, na Itália, a imobiliária recebe sua comissão após a assinatura do contrato, geralmente um mês de aluguel pago tanto pelo locatário quanto pelo proprietário. Ou seja, a imobiliária recebe dois meses de aluguel. Além disso, as imobiliárias italianas podem oferecer serviços como o registro do contrato no “Agenzia delle Entrate” (agência fiscal italiana), o que garante a legalidade da transação.

Esse registro, apesar de ser uma formalidade, é uma parte fundamental do processo de aluguel na Itália, e, geralmente, o pagamento do serviço é incluído na comissão cobrada pela imobiliária. Esse detalhe é um diferencial importante, pois traz uma camada de segurança adicional tanto para o locatário quanto para o proprietário, evitando problemas legais futuros.

A Questão das Atualizações e Disponibilidade dos Imóveis

Outro ponto a ser considerado ao alugar um imóvel na Itália é a questão da disponibilidade das ofertas online. Embora seja possível encontrar imóveis nas plataformas de imobiliárias, é importante saber que muitas vezes as informações estão desatualizadas. Não é raro encontrar um imóvel anunciado como disponível, mas que, na verdade, já foi alugado. Isso acontece porque, frequentemente, os sites das imobiliárias não são atualizados com a rapidez que gostaríamos.

Portanto, se você está interessado em um imóvel específico, é fundamental entrar em contato direto com a imobiliária para confirmar se ele ainda está disponível. Além disso, fique atento a imóveis que indicam uma disponibilidade futura, como "disponível a partir de julho" ou "disponível em fevereiro de 2024". Esses imóveis são ótimas oportunidades, pois o locatário atual já informou sua saída com antecedência, e você pode planejar sua mudança com mais calma. A ideia de um contrato de aviso prévio de seis meses, muito comum aqui, permite que você tenha uma visão mais clara sobre quando o imóvel estará disponível para você.

O Papel Ativo do Proprietário

Ao contrário do Brasil, onde os proprietários de imóveis frequentemente delegam o gerenciamento do aluguel às imobiliárias, na Itália o proprietário tem um papel muito mais ativo. Ele não apenas define os termos do contrato, mas muitas vezes também participa das visitas ao imóvel, conhece os inquilinos e se envolve diretamente na negociação. O proprietário pode até solicitar que o locatário envie fotos dos animais de estimação ou faça um "tour" pelo imóvel com ele antes de firmar o contrato. Já vi acontecer em mais de uma ocasião.

Esse tipo de envolvimento pode ser um pouco surpreendente no começo, mas é um reflexo da relação mais pessoal que os italianos costumam ter com seus imóveis. Em muitas situações, o proprietário é quem mantém as chaves do apartamento, e a visita não ocorre de forma impessoal, como muitas vezes acontece no Brasil. Além disso, o proprietário, ao invés da imobiliária, é quem lida com questões de manutenção do imóvel, como consertos e reparos. Caso você precise de algo, o contato será diretamente com ele - se não te derem qualquer outra instrução.

A Entrevista com o Proprietário: Conhecendo Quem Vai Morar no Imóvel

Quando você for fazer uma visita ao imóvel, é possível que o proprietário (ou alguém da sua confiança) participe da conversa. Não é incomum que ele faça uma série de perguntas sobre quem você é, quais são suas intenções e como pretende cuidar do imóvel. Embora isso possa parecer uma invasão de privacidade, entenda que o objetivo não é discriminar, mas sim garantir que o inquilino será responsável e cuidará do imóvel de acordo com suas expectativas. Isso também acontece com os italianos.

Esse tipo de entrevista é uma prática comum, tanto com imigrantes quanto com cidadãos italianos. E, no final das contas, pode ser um bom sinal de que o proprietário se importa com o bem-estar do imóvel e com quem vai morar nele. Essa relação mais pessoal é algo que, ao longo do tempo, pode até mesmo se transformar em uma parceria de confiança entre você e o proprietário, tornando o processo de aluguel mais amigável e sem complicações.

O Proprietário Tem Mais Poder

Para concluir, o grande ponto que você precisa entender ao alugar um imóvel na Itália é que o proprietário tem muito mais poder e controle sobre o processo do que no Brasil. Isso não significa que o processo seja mais difícil, mas é fundamental que você entenda essa dinâmica, pois ela pode afetar desde a negociação dos termos do contrato até a sua experiência no imóvel. Ao saber disso, você estará mais preparado para lidar com as particularidades do aluguel na Itália e, assim, garantir que sua estadia seja tranquila e sem surpresas.

Afinal, o aluguel de um imóvel é mais do que um simples contrato; é uma relação entre você e o proprietário, e entender os detalhes dessa relação é essencial para o seu sucesso no mercado imobiliário italiano.